Participantes do XIV Eneja aprovam poema de indignação e solidariedade ao povo atingido pela Samarco/Vale

sua vida vale quanto

Moção de Indignação e de Solidariedade ao povo atingindo pelo crime ambiental/social/político/econômico capitalista da Samarco/Vale

Os delegados e as delegadas presentes ao XIV Eneja - Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos, realizado em Goiânia, de 18 a 21 de novembro de 2015, aprovamos o poema de autoria da Professora Analise da Silva, lido no momento da abertura deste nosso encontro como Moção de Indignação e de Solidariedade ao povo atingindo pelo crime ambiental/social/político/econômico capitalista da Samarco/Vale.

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Escrito por Analise da Silva

Nossa bandeira está manchada de lama.
Lama causada pela ganância capitalista das mineradoras que há 300 anos rasgam nossas montanhas.
Efeito perverso como todos os demais deste sistema.
Lama com cheiro e gosto de morte.
Da morte de nossos irmãos e irmãs de Bento Rodrigues.
Da morte de nossos bichos de nossos peixes, de nossas plantas, de nosso rio – nosso Rio Doce está morto.

Nossa bandeira está manchada de lama.
Vamos lavá-la com nossas lágrimas; com nossa saliva que lubrificará as palavras dos cantos que entoaremos; entrecortados pelas palavras de ordem que regerão nossos gritos.
Gritos de luta, de basta, de nenhuma vida mais será levada para saciar a ganância do capitalismo.
Vamos lavá-la com nosso suor, brotado nas caminhadas, manifestações, reuniões de Fóruns, aulas em que diremos a todo o mundo que não foi acidente.
Foi crime e exigimos a punição dos criminosos.

Nossa bandeira está manchada de lama.
Vamos lavá-la com as lágrimas dos anciãos dos Krenak; com as lágrimas dos jovens quilombolas da Região dos Inconfidentes; com as lágrimas dos adultos camponeses que viram suas vidas serem imundadas pela lama que trouxe morte e dor aos pobres, aos trabalhadores, aos milhões de homens e mulheres que não tiveram parte nos bilhões de lucro das mineradoras.

Nossa bandeira está manchada de lama.
Vamos lavá-la!