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Secretário de Educação de SP admite falhas em processo de escolha de livros

O secretário estadual da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza, afirmou que vai mudar o processo de compra de livros para as escolas. Ele pretende criar uma comissão de especialistas que fará um parecer sobre cada obra.

Nas últimas semanas, reportagens da Folha mostraram que, dos 818 títulos distribuídos para alunos da rede estadual de ensino na faixa dos nove anos, dois tinham linguagem inadequada: um livro em quadrinhos trazia palavrões e outro, um poema com ironias do tipo "nunca ame ninguém. Estupre".

Leia entrevista com o secretário:

- Como os livros são escolhidos?

Cada processo na secretaria teve uma sistemática. No Ler e Escrever [projeto implementado pelo governador José Serra (PSDB) quando era prefeito de SP], mais da metade dos 818 títulos já era usada na secretaria municipal. O Estado usou as mesmas obras e, como alguns títulos estavam fora de catálogo, pedimos que elas [as editoras] mandassem novos livros para essas faixas etárias. Quem fez a seleção foi a mesma comissão que trabalhava no município, constituída de professores da rede municipal vinculados à coordenação do programa, mais alguns professores contratados especialmente para isso. Havia normas claras para seleção, que, obviamente, ao menos nos dois casos, não foram seguidas. Foram cometidos erros no processo de seleção. O que não tem sido destacado é que o programa é bom, necessário para a aprendizagem das crianças. Se há dois títulos errados, 816 são bons. Mas, de fato, foi detectado problema com o livro sobre futebol [que continha palavrões]. Quem escolheu aquele livro leu o prefácio, a capa e algumas histórias, mas não as três que eram complicadas. O segundo livro é claramente inadequado para a idade. A poesia tem ironia. É uma reflexão de como não agir. Claro, isso só é entendido por alunos mais velhos.

- Onde ocorreu o erro?

No fato de não termos comissão formal de especialistas, que deveria ter escrito um parecer sobre cada livro. É o que faremos daqui para a frente, como eu fazia no Ministério da Educação [na gestão FHC].

- Foi um erro da secretária Maria Helena Guimarães de Castro [as compras foram feitas no ano passado, na gestão dela]?

Foi um erro da secretaria, da coordenação do programa, não quero responsabilizar ninguém [há uma sindicância para apurar o caso].

- Após o primeiro problema, a secretaria disse que passava pente-fino nas demais obras...

Vai acabar hoje [ontem] à noite. A poesia havia sido detectada na noite anterior à publicação [da reportagem de ontem]. Eles não me trouxeram a informação. Mas tinha sido detectado. Se houver necessidade, vamos excluir mais alguns títulos.
(Folha de SP, 29/5)