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RELATÓRIO DO I ENCONTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EREJA/NORDESTE

 

O presente relatório é uma síntese do I Encontro Regional de Fóruns de Educação de Jovens e Adultos – I EREJA (Nordeste), conquista dos fóruns através do ENEJA, realizado entre os dias 25 e 27 de novembro de 2010, em João Pessoa – PB. Estiveram presentes, neste encontro as delegações de Rio Grande do Norte (14 delegados), Ceará (14 delegados), Alagoas (14 delegados), Piauí (04 delegados), Bahia (12 delegados), Sergipe (04 delegados), Maranhão (15 delegados), Paraíba (40 delegados), Pernambuco (21 delegados), totalizando 138 delegados da região nordeste, além de dois integrantes do Portal nacional Fóruns EJA Brasil. A temática levada em questão no I EREJA foi “Desafios das políticas públicas de EJA para a região nordeste”, tendo como objetivo principal, levantar dados sobre a Educação de Jovens e Adultos na região Nordeste, ouvir propostas, discutir minuciosidades desta modalidade de ensino, prevalecendo os problemas e possíveis resoluções a ser discutidas no Encontro Nacional de Fóruns da Educação de Jovens e Adultos – ENEJA, o qual será realizado no estado da Bahia em 2011. Falar em Educação e Políticas Públicas é abrir um leque de discussões sobre um futuro próximo promissor, porém, quase inexistente, em virtude de várias lutas e movimentos de busca por melhoria na Educação. Quanta coisa já foi almejada, discutida, pedida, buscada! O que realmente foi alcançado depois de tanta luta? Quais perguntas foram respondidas? O que é preciso ser feito além do que já se fez? Por que as mudanças não são tão visíveis a todos? Como será o amanhã, na Educação de Jovens e Adultos no Nordeste? Muitas indagações foram começo de discussão no I EREJA. Relatos foram apresentados, observados e aplaudidos, mas muita coisa ainda é preciso ser revista e lembrada. Aplaudir não significa perfeição! Observar não significa rejeição! O I EREJA foi um pontinho inicial para novas discussões no ENEJA, a abertura para novos olhares, novas indagações... E quem sabe novas respostas! DESAFIOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EJA PARA A REGIÃO NORDESTE Segundo Boneti, o debate em torno da elaboração de uma política pública, portanto é feito entre os “agentes do poder”, quer seja nacional ou global, constituindo-se, na verdade, de uma disputa de interesse pela a apropriação de recursos públicos, ou em relação aos resultados da ação de intervenção do Estado na realidade social. Foi o que realmente aconteceu no I EREJA. As delegações dos 9 estados da região nordeste se reunirão para debater não por uma nova política pública, mas para reorganizar as políticas públicas de educação de jovens e adultos. A mesa de abertura foi composta por um representante maior de cada delegação que por sua vez expôs os objetivos do encontro se dispuseram a lutar em conjunto por melhorias na EJA/NORDESTE. Uma das representantes da delegação de Alagoas a professora Maria Gorete Rodrigues de Amorim Lopes frisou que “ainda que seja realizado aqui, na Paraíba, o I EREJA, é de todos nós a responsabilidade do encontro e tudo o que for aqui mencionado e decidido” destacando a importância do encontro e responsabilidade de cada um ali presente. O representante da delegação da Paraíba, em um curto espaço de tempo, fez uma síntese de como era o cenário nacional e todos os movimentos que ocorreram desde 1945 com a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA até os dias atuais (2010), destacando uma gama de políticas para a EJA: livro didático/EJA, Agenda Territorial, Fóruns de EJA, etc. Levantou e mostrou dados populacionais da região, subdividindo-os em trabalhadores agrícolas e não agrícolas; alfabetizados e analfabetos; estudantes em nível superior classificados por raça; gênero e trabalho; acesso à internet. Por fim evidenciou o cenário paraibano com pontos referentes ao ensino da EJA e propôs desafios para as políticas públicas em EJA (campo/cidade) dentre os quais incluíram-se: tratar EJA e os seus atores como sujeitos de direito; garantir a formação dos profissionais professores de modo inicial, continuada, em serviço, considerando a diversidade social, de gênero, etnia, cultura, idade, etc.; tornar a escola atrativa para os Jovens e os Adultos: espaço físico e ambientação escolar, com todos os espaços abertos, considerando a EJA como modalidade da educação básica de fato de direito; pensar EJA articulada ao trabalho; ter mais IES com formação inicial de professores para a EJA; reduzir as taxas de evasão escolar na EJA; valorizar a alfabetização dos jovens e adultos como política e com profissionais: chega de qualquer que saiba ler e escrever como alfabetizador. PROJETO VIDA ATIVA No primeiro momento do segundo dia do encontro a representante da delegação do estado do Maranhão, Meyro Lucy, descreveu sobre o Projeto Vida Ativa (parceria SEMED/SEMCAS) o qual está voltado para a inclusão da terceira idade (a partir de 60 anos, que não tiveram a oportunidade de acesso a escola convencional), e tem como objetivo principal oportunizar o acesso a educação básica de na modalidade educação de jovens e adultos, visando diminuir o índice de analfabetos nessa faixa etária. Meyro Lucy destacou algumas atividades desenvolvidas com os alunos do projeto com o objetivo de ampliar a oralidade, a capacidade criativa, reflexiva, enquanto sujeito no processo de aquisição de saberes além de estimular a auto-estima de cada um. Dentre as atividades desenvolvidas no Projeto Vida Ativa, pode-se destacar: acompanhamento sócio-assistencial à pessoa da terceira idade com visitas domiciliares, individual e em grupo; atividades físicas, recreativas, esportivas e culturais; oficinas de trabalhos manuais; escolarização desenvolvendo habilidades de leitura e escrita com foco no letramento, até a conclusão do ensino fundamental; exposições e passeios turísticos. Além de especificar o que é desenvolvido com os alunos integrantes do Projeto, Meyro Lucy ainda descreveu as atividades desenvolvidas pela coordenação de apoio pedagógico para construir sempre melhorias no projeto. Segundo ela são realizadas reuniões permanentes para planejar atividades mensais; sessões de estudos para discussão e reflexão de temas sobre o trabalho com a terceira idade e outras questões pedagógicas; acompanhamento pedagógico do trabalho docente e discente; participação em palestras, feiras culturais e demais eventos ligados ao programa; campanhas e palestras educativas com foco na terceira idade. Concluindo o primeiro momento um aluno, de 71 anos, do Projeto Vida Ativa falou sobre a importância do projeto e os benefícios que o mesmo teve após seu ingresso no projeto. ALFABETISMO E CONTINUIDADE DOS ESTUDOS NA EJA: um desafio ainda atual no Nordeste A primeira mesa do I EREJA teve como tema: ALFABETISMO E CONTINUIDADE DOS ESTUDOS NA EJA: um desafio ainda atual no Nordeste. A mesma foi composta por Maria Gorete Rodrigues de Amorim Lopes (UFAL/ ARAPIRACA) representante da delegação de Alagoas na função de moderador da mesa, Luiz Gonzaga (UFPB) e Adriana Diniz (UFRN) na condição palestrantes. Inicialmente a palestrante Adriana Diniz (UFRN) nos remeteu a uma reflexão em EJA quando indagou: Qual o tamanho do desafio na atualidade? Cabendo a esta pergunta milhares de respostas, e muitas delas sem perspectivas futuras, visto que os inúmeros desafios muitas vezes não são ultrapassados por insegurança ou desistência da luta. Adriana nos trouxe um emaranhado de informações ao percorrer as Bases Legais do Brasil, relevando a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como o início da luta pela melhoria da Educação; destacou também todo o marco histórico de Campanhas e Movimentos mencionando a Campanha de Erradicação do Analfabetismo Adulto - CEAA (1947-1963) e o Movimento Brasileiro de Alfabetismo - MOBRAL – (1967 – 1985), dentre os pesquisadores, fez referência aos estudos e contribuições de Romeo Fávero, e como o marco de ação no Brasil enfatizou a CONFITEA como sendo um dos maiores avanços e reflexões sobre a EJA no Brasil. Finalizando, Adriana enfatiza que a escola precisa preparar-se, criar mecanismos de/para mudança, os órgãos de gestão também precisam se articular, socializar as experiências, formar redes de aprendizagens. “O Nordeste precisa de nossa ação”. O segundo palestrante Luiz Gonzaga Gonçalves (UFPB), falou da educação e suas lutas através dos séculos. “Estamos lutando para consolidar uma educação pública e gratuita de EJA como direito universal de aprender e perseverar nela. Queremos valorizar os conhecimentos e saberes acumulados ao longo da vida, não restritos à escolarização.” O mesmo mencionou que as escolas da Grécia e Egito Antigo nos fazem refletir sobre as diferentes formas de buscar o conhecimento. “Pela primeira vez a aprendizagem acontecia não exatamente no momento e no lugar onde o mestre realizava sua tarefa profissional”. Todo discurso de Luiz Gonzaga refere-se ao andamento da Educação durante séculos. O que progrediu? O que mudou? Qual o papel da Educação no Brasil? Em um dos dados trazidos para o debate, o mesmo afirma que entre 2008 e 2009 tem-se 10% da população acima de 15 anos (14,1 milhões de não alfabetizados), e o Nordeste está próximo de 19% com cerca de 7 milhões de não alfabetizados. De que precisamos então para fazer a diferença na Educação de Jovens e Adultos no Brasil? Professores qualificados? Alunos dedicados e mais responsáveis com sua formação? Políticas Públicas mais eficazes? Ambos os palestrantes relevaram a importância de fazer a diferença na Educação de hoje com a ajuda e experiência do outro e favor de um único bem: a melhoria na Educação de Jovens e Adultos. A forma de ensino diferenciada e direcionada nos dar a garantia de continuidade. Não basta ensinar! É preciso saber ensinar! EJA E MUNDO DO TRABALHO: EDUCAÇÃO POPULAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ALTERNATIVAS EJA e Mundo do Trabalho: Educação Popular e Economia Solidária como Alternativas, foi o tema debatido na segunda mesa do I EREJA, tendo como palestrantes José Francisco de Melo Neto (Zé neto)Prof. Titular da UFPB, e Prof. Reinaldo Fleuri e moderador da mesa o representante da delegação do estado da Paraíba. A palestra começa com uma definição da EJA dada pelo Prof. José Neto: “ A educação que só exclui crianças. Todos os demais podem ser visto na perspectiva de Jovens e Adultos”. Classificando assim todos que fazem parte da EJA. José Neto como é conhecido, fala e da importância dada ao ato de aprender a ler e escrever e destaca como um fator importante a formação para o trabalho, pois segundo ele “o trabalho transforma o bicho que somos nós”. É necessário a valorização do conhecimento cultural do homem. A economia solidária valoriza o homem e o seu trabalho. Reinaldo Fleuri, o segundo palestrante, contribuiu com seus conhecimentos em economia solidária e tentou interligar com a Educação de Jovens e Adultos. Segundo ele é preciso unir metodologia e prática, é preciso entender o mundo que gira em torno da EJA para poder formar pessoas. GRUPOS DE TRABALHO O I EREJA teve a formação de quatro grupos de trabalho com os temas: GT 01: Educação Popular e Educação do Campo; GT 02: Agenda Territorial; GT 03: Fóruns de EJA; GT 04: Diversidade dos Sujeitos; GT 05: Formação de Professores. Na presente oportunidade fiz parte do GT 3 fóruns de EJA, foi composto por no mínimo um representante de cada estado, e teve como objetivo, depois de muitos conflitos em virtude da não aceitação do tema definido previamente pela organização do encontro, o qual seria a origem quando, onde e como surgiu o Fórum EJA Brasil, discutir sobre o comprometimento das instituições de ensino com os fóruns; a importância da formação continuada para professores da EJA; a autonomia dada aos Fóruns (até onde e o que pode ser decidido por cada fórum em seus respectivos estados); arrecadação de fundos para investimento na EJA em cada estado, com destaque para a pergunta: Qual a verdadeira função dos fóruns de EJA? Obs.: As respostas e considerações feitas por todos os membros dos grupos foram expostas no dia seguinte (27 de novembro), o qual não presenciei, em virtude do regresso ao meu estado de origem, Alagoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS A luta pela Educação no Brasil não é surpresa para quem está à frente de pesquisas e debates na área. Acredito que com todas as dificuldades visíveis, o I EREJA foi um encontro visto com vitória por todos os seus organizadores e participantes, visto que passar por mais uma etapa da luta não é fácil. Os temas debatidos, os fatos e as experiências mencionados enriqueceram e fortaleceram os que estão fartos de não ver mudanças na EJA. Foi gratificante conhecer e aprender mais sobre a importância de lutar por ideais mesmo que o fim não seja o tão esperado. O pontinho EREJA pode se tornar em uma linha contínua de mudanças e trocas recíprocas de conhecimento. O querer pode transformar, mas, o fazer é que transforma o ser. E acho que foi isso que aconteceu desde o pensamento de construção do EREJA. Espero que sempre a união de forças encontre resposta e soluções para todos os conflitos.