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Melhorias na Educação de jovens e adultos em AL é pauta em audiência com integrantes do FAEJA e da SEDUC

Componentes do Fórum Alagoano de Educação de Jovens e Adultos se reuniram com representantes da Secretaria da Educação de Alagoas para discutir rumo da educação no Estado

Os representantes do Fórum Alagoano de Educação de Jovens e Adultos  (FAEJA) iniciaram o ano de 2021 reafirmando seus compromissos e valores com a educação alagoana. Em encontro presencial realizado na última quarta-feira (13/01/2021) com o secretário da Educação de Alagoas, Fábio Guedes, e o secretário adjunto, José Márcio Augusto de Oliveira, a audiência teve como pauta as melhorias que podem ser feitas na educação de jovens e adultos no Estado. Os superintendentes da Secretaria, Ricardo Lisboa e Roseane Vasconcelos, também estiveram presentes.

Compondo a mesa do FAEJA, Valéria Cavalcante, coordenadora do Fórum, esteve presente na ocasião juntamente com os integrantes e professores Regis de Souza e Cícera Marques Leandro. A articulação da reunião sucedeu através de uma pauta, que percorreu seguindo a ordem descrita a seguir.

1º Nucleação/fechamento de turmas nas escolas da EJA da rede estadual

O FAEJA iniciou contestando a nucleação/fechamento de escolas da EJA na Rede Estadual, que acaba por ampliar a negação do direito a educação dos sujeitos da EJA. O superintendente do Sistema Estadual de Educação, Ricardo Lisboa, afirmou desconhecer.

A superintendente de Valorização de Pessoas, Roseane Vasconcelos, afirmou que a junção das turmas da EJA na Rede Estadual ocorreu para facilitar a vida do professor e dos gestores escolares, considerando a baixa frequência, evasão e desistência de estudantes da EJA em grande parte das escolas do Estado. Segundo Roseane, essa é a justificativa para o “juntar de turmas” (nucleação). Outros pontos foram: a questão do quantitativo de aluno por turma, a evasão, busca ativa, permanência e monitoramento da presença com o sistema (painel com frequência). Afirmou ainda que não houve perdas.

No tocante ao fechamento da escola Moreira e Silva, a superintendente Roseane afirmou ainda que há poucos estudantes nas turmas da EJA, apenas duas turmas na escola e, por isso, os estudantes foram remanejados para a escola Princesa Isabel, que também está situada no CEPA.

Em resposta, o FAEJA reafirmou a importância de se construir na Rede Estadual uma política de permanência para os sujeitos da EJA, em consonância com as diversas Secretarias do Estado, numa perspectiva de intersetorialidade,  e que a prioridade da Educação pública é garantir o processo de acesso e permanência dos sujeitos  da EJA e nas escolas públicas, entendendo educação pública como direito.

Além disso, o FAEJA deixou claro que não aceita esse processo de nucleação, já que ele se configura como negação de Direito para os sujeitos que não tem condições de locomoção por questões físicas e financeiras.

2ª Reflexões sobre a Proposta Curricular da EJA no Estado em oposição a possibilidade de alinhamento dos currículos da EJA à BNCC.

Quando o FAEJA questionou a ausência de uma proposta curricular específica para a EJA na Rede Estadual, Ricardo Lisboa, superintendente do Sistema Estadual de Educação, respondeu que a EJA na Rede segue uma proposta de “EJA modular”. Segundo ele, a proposta modular é fundamentada na teoria de Paulo Freire.

Em resposta, a coordenadora Valéria Cavalcante pediu que essa “proposta modular” fosse apresentada ao FAEJA e a sociedade, afirmando ainda que o FAEJA e demais movimentos sociais não estão sendo convidados a participar da elaboração das políticas educacionais na gestão do governo Renan Calheiros Filho.

Ainda em resposta, o FAEJA apresentou a última proposta da EJA construída para a Rede Estadual em 2002, considerando que deveria ter sido retomada e atualizada, uma vez que está fundamentada numa concepção de base freireana, temas geradores. Por vez, o secretário de Educação Fábio Guedes e o secretário adjunto José Marcio se dispuseram a caminhar dialogando com o FAEJA.

Houve ainda outros questionamentos sobre a oferta da EJA na Rede Estadual:

  • Qual a política de permanência adotado pelo Estado durante e após o retorno as aulas presenciais?
  • Como a rede estadual está pensando nas ações para o público da EJA?

3ª O perfil e a formação do professor da EJA na rede estadual em Alagoas

O FAEJA apontou ainda a necessidade de se estabelecer na rede o perfil do professor para se atuar na modalidade, da mesma forma implementar uma política de formação para os professores da EJA na rede estadual em Alagoas, considerando a ausência de formação há décadas. A coordenadora Valéria declarou que essas são ações propostas no Plano Estadual de Educação e que não estão sendo colocadas em prática.

Sobre esse aspecto, o secretário adjunto José Marcio e os superintendentes presentes responderam que a formação dos professores da rede acontece no espaço das escolas, tendo os articuladores de ensino como responsável pelas ações. A superintendente Roseane afirmou que as formações estão acontecendo.

O secretário adjunto José Marcio reafirmou a relevância de implementação de um concurso público, neste ano de 2021, para professores atuarem na Rede Estadual de Educação. Ele pontuou ainda, como um grande desafio, a construção da política de formação dos professores e, diante disso, garantiu repensar as formações, que devem acontecer de forma permanente.

O secretário adjunto José Marcio afirmou a necessidade de se organizar eventos em parceria com o FAEJA sobre o Centenário de Freire. Nesse sentido, o FAEJA se posicionou sobre a necessidade da formação política dos estudantes e professores da EJA, ressaltando ainda a necessidade de exaltar a figura de Freire como o patrono da Educação.

O FAEJA afirmou ainda que o Centenário de Paulo Freire será celebrado através de três ações em Alagoas, a saber:

  • Pré-colóquio Paulo Freire que acontecerá em abril de 2021, ação em parceria com a UFAL; 
  •  Café Paulo Freire, a professora Dra. Marinaide como preceptora, tendo a UFAL e o FAEJA como parceiros;
  • Rede de diálogos sobre Paulo Freire, ação do Grupo MULTIEJA, em parceria com o FAEJA e a UFAL.

Acordou-se, então, a necessidade de diálogo entre o FAEJA e a SEDUC.  Diante desse aspecto, o FAEJA foi convidado para compor um seminário junto à SEDUC. Os componentes do Fórum, honrados com a proposta, aceitaram o convite e agradeceram a oportunidade de continuar participando ativamente na área. Apesar da importância que os seminários possuem, a coordenadora Valéria Cavalcante enfatizou também a preocupação que os integrantes do FAEJA têm em implementar uma EJA comprometida com os sujeitos, seus direitos e saberes.

4ª Aulas remotas

O FAEJA ressaltou o fracasso das aulas remotas na EJA em 2020, com pouca adesão dos sujeitos da EJA, considerando dificuldades de acesso a tecnologias e ainda por não possuir dados móveis suficientes. A professora Valéria ressaltou a preocupação de que a rede não entenda essa ausência dos sujeitos como possibilidade de acabar com as turmas da EJA.

Em resposta, a superintendente Roseane afirmou que tem percebido a pouca frequência dos sujeitos da EJA nas aulas remotas, e que as escolas organizaram entrega de materiais impressos para os estudantes, como forma de minimizar essas dificuldades.

5º Reflexões sobre o retorno as aulas presenciais para o público da EJA  e o protocolo de segurança

O FAEJA ressaltou a preocupação neste retorno presencial, uma vez que muitos estudantes da modalidade possuem comorbidades e estão entre o grupo de risco. Como resposta, o secretário José Marcio afirmou que o retorno às aulas ainda está em estudos e que o ano letivo de 2020 ainda está sendo avaliado para 2021, principalmente considerando a questão financeira com envio de recursos para as escolas, para que se possa implementar os protocolos de segurança. As unidades de ensino utilizarão este recurso fazendo suas adaptações de acordo com a necessidade e a realidade de cada escola/comunidade.

O secretário avisou ainda que não há prazo definido para o retorno das aulas presenciais na EJA, e que o calendário letivo e as ações pedagógicas da Rede estão se desenhando de acordo com as notícias de outros estados e países. Nesse aspecto, a realidade de infecção em Alagoas se adaptará de acordo com a realidade vivida da pandemia.

“Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor aos homens e ao mundo.” 

Paulo Freire