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Como relacionar história local com a História do Brasil

Os conteúdos tradicionais da disciplina ganham sentido para os alunos quando eles se envolvem diretamente na busca por informações e são lavados a perceber na sociedade em que vivem os reflexos do que ocorreu há tempos.

As aulas de História, em muitos casos, ainda são vistas como o simples estudo do passado, em que se exige a memorização de fatos e datas. Quando a disciplina é assim ensinada, os alunos acabam considerando os fatos como algo perdido em algum momento e distante da realidade atual. Reverter esse quadro, criando condições para que elaborem novos sentidos e significados para o que estudam em classe, é uma questão desafiadora para os professores da área. 

Um dos eixos curriculares que permitem aos estudantes identificar uma proximidade maior com sua vida é a História do Brasil. Pesquisas mostram que, para compreender as sociedades antigas, eles utilizam as informações que possuem sobre a vida atual e a organização social que conhecem. Se por um lado isso pode provocar distorções na compreensão dos conceitos estudados, por outro, com orientação precisa, tende a favorecê-la. As Orientações Curriculares da Prefeitura Municipal de São Paulo assinalam que à medida que os alunos são estimulados a construir relações entre seu dia a dia e aspectos mais amplos da vida social e histórica, começam a aprofundar as reflexões, indo além da realidade imediata, passando a generalizar conceitos. 

Essa familiaridade maior dos jovens com a História do Brasil por si só não garante o sucesso do trabalho. É preciso encontrar formas de envolver todos nas atividades e ajudá-los a perceber o impacto de determinado momento histórico na sociedade e, ao mesmo tempo, as diferenças entre a vida do passado e a de hoje. Uma das melhores maneiras de fazer isso é trabalhar com pesquisa escolar. É possível formular uma questão abrangente e interpretativa sobre determinado período e pedir que os alunos relacionem o que descobriram a situações que encontram no momento. Eles terão de buscar dados, ler e interpretar documentos, entrevistar pessoas e criar um conhecimento - a relação ontem/hoje. 

Foi essa a estratégia usada por Juliano Custódio Sobrinho, professor do 9º ano da EM João de Deus Rodrigues, em Petrópolis, a 68 quilômetros do Rio de Janeiro. Ao tratar em sala do período de transição da escravidão ao trabalho assalariado livre, ele aproveitou um contexto local favorável para propor uma investigação: qual foi o impacto dessa mudança em nossa cidade? "Quando estimulados a investigar e relacionar os conhecimentos que possuem ao que estão aprendendo, os estudantes precisam entender sobre o que vão escrever e não apenas decorar. Isso faz toda a diferença", ressalta Daniel Vieira Helene, professor do Centro de Estudos da Escola da Vila, em São Paulo, responsável pela seleção de Sobrinho como um dos vencedores do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

Fonte: http://novaescola.org.br/