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Dissertações

A instalação da República no Brasil se caracterizou por uma série de transformações que visavam à construção de uma identidade nacional republicana. Para isto, foram adotadas políticas higienistas de remanejamentos urbanos e políticas educacionais pautadas no cientificismo, por meio das quais esperavam serem capazes de legitimar e consolidar o Estado Nacional. No contexto deste projeto de reforma social e de difusão da educação como dispositivos que agiriam, por meio do controle dos sujeitos, sobre os maus hábitos, é que a presente dissertação irá examinar, no período de 1889 a 1920, a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina – EAMSC – uma instituição nascida no Império e que irá sobreviver ao advento da República. Com documentos oficiais, jornais, fotografias e bibliografias nas áreas de Educação, Filosofia e História inserimos a EAMSC  dentro do projeto de nação republicana, traçando suas semelhanças e diferenças com o modelo dos grupos escolares, e de que forma ambas as instituições escolares se aproximam e se afastam da política higienista e educacional. Assim também, buscou-se fazer uma contextualização dessa inserção utilizando um estudo comparativo entre a reificação do projeto de República na capital do país e na do Estado de Santa Catarina. Com essa olhar, estudar-se-á a localização, o público alvo e a missão que a EAMSC assume, confrontando-as com o daquela que era a escola modelo, percebendo como se apropria de tais reformas e constrói uma cultura escolar própria, de localização do corpo, que parecia ser a única capaz de incluir, agir e civilizar seu público alvo: os “vadios e vagabundos” que perambulavam pelas ruas de Florianópolis. Para tanto, espaço, currículo e tempo irão se apresentar como tecnologias disciplinares que inserem neste ambiente híbrido, escolar e militar, uma filosofia pautada no trabalho e no controle de sujeitos. Mesmo porque, a Escola era uma das possibilidades de conter revoltas e motins, promovendo o afastamento destes indivíduos bem como sua integração aos preceitos republicanos de civilidade, porém sem desconsiderar, no entanto, que toda a ação de poder permite uma outra de resistência. Ao final, mesmo com diversas tentativas de aproximar a EAMSC do modelo pedagógico moderno implementado com os grupos escolares no Brasil, o imaginário popular acerca de tal instituição permaneceu o de um ambiente para os desvalidos, no qual a filosofia seria de “escreveu, não leu, o pau comeu”.
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