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Históricos dos Assentamentos de Reforma Agrária em Formosa

Comunidades Assentadas e Acampadas nas Fazendas próximas a Cidade de Formosa.

Comunidade Vale da Esperança

O acampamento Vale da Esperança, localizado a 76 km de Formosa-GO foi formado no ano de 1996 com a chegada de aproximadamente 60 famílias trazidas por caminhões de Cabeceiras – GO e instaladas nas margens do rio Ribeirão entrada do atual assentamento. Após oito dias de acampamento chegaram ao mesmo local outro grupo de pessoas vinculadas ao MST. Porém, devido à falta de entendimento entre os dois grupos eles se dividiram em um grupo vinculado ao MST e o outro ao Sindicato dos trabalhadores Rurais (STR).
Após dois meses o acampamento já contava com mais de 540 famílias todas elas organizadas entre MST e STR. Mas atualmente vivem 178 famílias no assentamento.
O acampamento persistiu por um período de dois anos e meio até que o INCRA realizou o sorteio das parcelas de terra da fazenda ocupada. Após a divisão as famílias ocuparam imediatamente as suas respectivas parcelas, mas passaram por muitas dificuldades devido à falta completa de infra-estrutura. Somente depois de alguns meses os moradores receberam os primeiros incentivos para o plantio e créditos destinados a habitação.
Durante o acampamento foi realizada a divisão de grupos, setores e comissões com tarefas e atribuições dentro do acampamento. Com isso, havia um grupo responsável pela segurança, pelas negociações, pela educação, pela saúde e outros. Após a constituição do assentamento essa mesma organização permaneceu, mas a falta de união e os constantes desentendimentos dissolveram muitas equipes. Nesse sentido, fica evidente a perda para todos os moradores do assentamento. O problema da convivência é enfrentado pelos assentados. Por outro lado, observa-se forte espírito coletivo entre os membros do assentamento.
No início do assentamento existiam duas associações sendo elas a Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Vale da Esperança (APRAVALE) formada por membros do STR e a Associação dos Produtores Rurais Vale da Conquista (APRAVAC) pelo MST, atualmente existem quatro associações no total e a Cooperativa Mista Vale da Esperança (COOPERVAL), fundada em 2008. As associações se reúnem uma vez por mês e a cada dois anos tem eleição para presidente.

As escolas:
Colégio Estadual Vale da Esperança - Está localizado no assentamento Vale da Esperança, município de Formosa-GO. A escola funciona no mesmo espaço físico da escola Municipal.
Após a formação do acampamento na fazenda Vale da Esperança os trabalhadores procuraram a escola mais próxima para matricular as crianças do ensino fundamental, porém o pedido de matricula foi recusado sob o argumento de que os alunos eram filhos de sem terras. Com isso, a equipe responsável por negociação procurou ajuda do INCRA nesse sentido. Mas a secretaria de educação do município respondeu ao pedido da mesma forma. Assim, somente depois de buscar apoio de parlamentares da região é que as matriculas foram efetuadas.
Depois desses eventos as crianças com idade entre 7 e 14 anos se deslocavam diariamente até a Escola Municipal Fazenda Água Doce, localizada na fazenda Água Doce distante do acampamento Vale da Esperança. Além de enfrentar o transtorno da distância diária até a escola as crianças ainda eram expostas ao preconceito dado às suas origens. Diante disso mais uma vez os acampados reivindicaram o direito de ter uma escola dentro da área do acampamento. Dessa forma e após várias reuniões com as autoridades competentes do município eles conseguiram que as séries iniciais do ensino fundamental (1º a 4º) fossem ministradas dentro do Vale da Esperança. As instalações da escola eram improvisadas e tinha apenas duas salas e uma cozinha.
Mas os moradores do Vale da Esperança não estavam satisfeitos apenas com a escolaridade de 1º a 4º série, pois muitos jovens estavam fora da escola e outros tinham que ficar na cidade para conseguir estudar. E novamente inicia uma longa jornada de reuniões, audiências, mobilizações em órgãos públicos para conseguir a implantação das séries finais do ensino fundamental. Foi conseguido o funcionamento da escola como salas anexas ao colégio Santa Rosa. A construção do ambiente físico ficou por conta dos moradores que contribuíram com madeira, recursos para comprar telhas, cimento, areia e pagar a mão de obra.
Para conquistar a autorização de construção do Colégio Estadual Vale da Esperança foi necessária uma mobilização em frente à prefeitura municipal de Formosa. Os educadores que lecionavam no assentamento passaram a dar suas aulas embaixo de uma árvore na Praça Rui Barbosa em frente à prefeitura. Essa reinvidicação dos trabalhadores foi atendida no ano de 2004.
A escola tem 230 alunos, funciona no período vespertino e noturno, ministra o ensino fundamental completo e ensino médio.
O espaço físico da escola dispõe de 5 salas de aula, 1 sala de coordenação, 1 laboratório de informática, 1 cantina, 2 depósitos, 2 banheiros, 1 campo de areia, 1 amplo pátio e varandas. Os espaços externos são mais aproveitados pelo diurno devido à falta de iluminação à noite.
O corpo docente é formado por 7 educadores, sendo 2 efetivos e os demais com contrato temporário de três anos. A escola conta com mais 9 funcionários todos eles com contrato temporário.
Existe conselho escolar, mas a participação dos pais e alunos é praticamente nula. Também tem conselho municipal, mas não é do conhecimento da escola a participação de um representante do assentamento.
Não existe grêmio escolar, mas os estudantes se unem na organização de eventos, torneios, festas e outros.
A escola tem projeto Político Pedagógico e os alunos tiveram acesso ao documento. No entanto, foram constatados alguns erros tais como a história de origem do lugar e a descontextualização da realidade dos educandos.
O objetivo da educação oferecida pela escola Estadual Vale da Esperança é o de preparar cidadãos aptos para a vida social e profissional, além de conscientizá-los para uma visão ampla e integrada de mundo.

Comunidade de Virgilândia

O assentamento Virgilândia iniciou no ano de 1996 com a formação de um acampamento que reunia 252 famílias com o objetivo de reivindicar junto ao INCRA uma fazenda com mais de 16.000 hectares de terras improdutivas.
Mas foi somente em 2002 que as famílias do acampamento foram contempladas com o parcelamento da fazenda. O nome Virgilândia foi dado em homenagem ao primeiro dono das terras.
O Assentamento está localizado a 100 km do Município de Formosa, sendo 27 km de estrada de terra e o 73 km de asfalto. Porém em ambos os trechos as condições de tráfego é precária devido às más condições da estrada.
A comunidade conta com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), FETADEF, SINTAF, FETRAF, ECODATA e Agência Rural.

As escolas:
No assentamento Virgilândia existem duas escolas: Escola Municipal Santo Antônio das Palmeiras e o Colégio Estadual Assentamento Virgilândia. As duas escolas utilizam o mesmo espaço físico. A primeira ministra a educação Infantil e o ensino fundamental completo e é mantida pela Secretaria Municipal de Educação. A Segunda ministra o ensino fundamental do 6º ao 9º ano e o ensino médio completo. Foi inaugurada em 2003 para atender apenas o ensino fundamental, mas em 2005 ampliou o atendimento para o ensino médio noturno.
A primeira escola Municipal Santo Antônio das Palmeiras foi construída em 1990 no Distrito de Santo Rosa, mas com o surgimento do assentamento Virgilândia, em 1996, houve uma grande demanda de alunos que tinham que se deslocar 18 km diariamente até chegar à escola. Com isso, a professora foi transferida para a sede do assentamento e a escola passou a funcionar em instalações improvisadas na sede do Miguel.
No ano de 2001 foi aprovada a construção de uma escola com 4 salas de aula, 2 banheiros, 1 sala para secretaria, 1 sala para administrativo, 1 sala de professores, cozinha, depósito, alojamento para professores e 1 área de circulação.Em 2003 ela foi inaugurada para atender a educação infantil e o ensino fundamental. Em 2004 a escola ganhou mais 4 salas de aula devido a demanda crescente de alunos.
A escola municipal atende 180 alunos funciona no turno matutino e vespertino. A Estadual tem 173 alunos e funciona no período matutino, vespertino e noturno. As duas escolas atendem um total de 353 alunos do ensino regular e mais 19 alunos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).
A escola municipal tem cinco professores, um diretora, dois vigias e cinco funcionários que são responsáveis pela alimentação e limpeza da escola. Todos os funcionários são efetivos, exceto um vigia.
A escola do Estado tem 10 professores, dois coordenadores pedagógicos, um diretor, um vigia e três auxiliares de limpeza. Na escola estadual tem mais rotatividade de professores e coordenadores porque apenas quatro deles são efetivos. Do conjunto de professores dois tem pós-graduação, três tem graduação e cinco está cursando os demais tem ensino médio.
O colégio Estadual tem um conselho escolar formado há dois anos, as famílias fazem parte do conselho, mas não são convidadas para participarem dos processos de tomada de decisão na escola. A escola municipal não tem conselho escolar. Nas escolas não existem formação de grêmios ou qualquer outra forma de organização dos estudantes.

Comunidade Palmeiras II

A comunidade Rural Palmeiras II está localizada no município de Formosa a uma distância de 57 km da cidade. Nessa comunidade residem 46 famílias, dentre estas apenas cinco não estão efetivamente assentadas.
As primeiras famílias que chegaram a Palmeiras II foram apoiadas pelo sindicato dos trabalhadores rurais de Formosa-GO. Foi o Sr. Antônio Alves de Carvalho, um dos líderes sindicais, que informou ao Sr. Geraldo Natal de Oliveira sobre as negociações entre o INCRA e os donos da fazenda Palmeiras II. A fim de garantir que as famílias fossem contempladas com a terra foi criada uma comissão de representação da primeira comunidade do assentamento. Essa comissão tinha por função cuidar dos interesses da comunidade e buscar recursos juntos aos órgãos competentes para atender aos assentados.

As escolas:
Escola Estadual Leônidas Ribeiro Magalhães / Escola Municipal Isolada Fazenda Palmeira II
A escola é motivo de muito orgulho para todos os moradores do assentamento, pois sua construção foi resultado de lutas promovidas pela comunidade. Inicialmente a escola era apenas a sombra do pé de pequizeiro, mas atualmente nesse mesmo local está construído um prédio visivelmente mais confortável e bonito.
A escola atende alunos do assentamento e também de comunidades vizinhas, tem no total 183 alunos. Sendo 127 alunos do ensino fundamental e 56 do ensino médio.
O corpo docente é formado por nove professores, além de mais três funcionários que ajudam na organização do ambiente escolar. Os professores da escola não são efetivos. A escola não tem um diretor porque ela é uma extensão da escola Estadual Leônidas Ribeiro Magalhães. Inclusive esse é um motivo de reivindicação da comunidade já que a escola possuí um número de alunos suficiente para se tornar independente. Além disso, a comunidade pleiteia uma escola com um espaço para biblioteca, sala de computação e uma quadra poliesportiva.
A escola não tem conselho escolar, este só formado nas outras escolas a ela associada. A escola também não tem projeto Político Pedagógico, inclusive a coordenadora demonstrou na entrevista que o documento não é familiar.
Ademais, a coordenadora afirmou na entrevista que o objetivo da escola é formar jovens para a vida na cidade. Tal afirmação revela que a escola não tem incorporados os princípios abordados pela licenciatura em educação do campo. Esse foi o principal problema diagnosticado na escola do assentamento Palmeira II.

Comunidade Brejão

A área total do assentamento é de 1206 hectares, nele residem quarenta e nove famílias. O assentamento foi formado há dez anos, mas no início o INCRA encontrou algumas dificuldades para comprar a fazenda da família até então proprietária da fazenda, mas felizmente no final deu tudo certo.
Desde a sua formação até agora muitas mudanças foram feitas, no início do assentamento toda a paisagem era de cerrado e taquaris, mas agora tem muitas pastagens, lavouras e reservas. A comunidade é um local organizado e observa-se uma harmonia entre os moradores, pois não há contendas entre as pessoas que moram aqui. Os moradores da comunidade têm suas próprias casas com água e luz instalados. A comunidade conta com igrejas evangélicas, católicas e um prédio escolar.
No que diz respeito aos aspectos culturais predomina a fogueira de São João e as rezas no dia Santo Antônio e Santa Luzia.
A escola:
Em 1999 foi enviado um ofício a prefeitura solicitando a construção de uma sala de aula, mas a prefeitura garantiu apenas a contratação do professor, ou seja, a construção do espaço físico da escola estava sob o encargo da comunidade. Dessa forma foi construída uma sala com telhas de amianto, paredes de tábua e chão batido. A escola começou a funcionar em 2000 com 28 alunos matriculados nas primeiras séries do ensino fundamental (1º a 4º).
Em 2002, essa escola foi transferida para as instalações da associação, pois não comportava mais a quantidade de alunos. Nesse mesmo ano o município destinou uma verba para a construção de uma unidade escolar no assentamento, uma vez que a demanda era grande. Em 2003 a escola foi inaugurada com 02 salas de aula, 01 cozinha, 03 banheiros e 01 depósito. Mas o crescimento do número de alunos forçou, em 2005, a ampliação da escola com mais três salas de aula. Em 2007 a escola ganha novamente mais três salas para atender os alunos do ensino médio.
Atualmente, a escola atende mais de 70 famílias e o transporte dos alunos até a escola é feito por meio de um ônibus escolar e três vans.
A escola tem 300 estudantes divididos entre as séries iniciais do ensino fundamental garantido pelo município e as séries finais do ensino fundamental e ensino médio assegurados pelo estado. A rede municipal funciona no matutino e o estadual no vespertino.