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Construir Redes

Construir redes!
Eis o que temos feito até aqui.
Unificar no diverso
E nunca padronizar:
Pesquisas, formas de gestão
Modos peculiares
Que a sociedade civil
Tem em si e por si
De brotar suas orgânicas mobilizações.
Estas representam
Significados e iniciativas
Para integrar esforços
E não deixar que “o leite derramado”
Escoa-se, 
Se míngüe
E se perca em discursos reticentes.
Assim, programas e projetos
Devem considerar
As regionalidades,
Suas línguas, escritas e especificidades.
Eis um motor
Para selecionar políticas
E programas de EJA.
Elencar com isso,
A participação do ensino superior
E suas instituições,
Progenitoras de estudos
E até, por que não,
Que pensem em ampliar
Os reducionismos das áreas de concentração:
Seja em graduação,
Seja em especialização
E avançar
Mestrado e doutorado adentro
Para habilitar especialistas,
Estudiosos e pesquisadores
Que vivam a fonte do oprimido
E saiam dos gabinetes
E vivam os guetos, os becos,
As aldeias
Dos quilombos,
Campesinos,
Indígenas,
Dos presos e presas,
Das mães solteiras,
Do indigente sem nome
E com fome!
Quantas aprendizagens relevantes nesta gente!
Quantos desafios enfrentamos
Em nosso dia a dia
Para fazer que este povo
Reconheça em si,
A opressão de um oprimido
E o oprimido em um opressor!
E quando se desdobram temáticas,
Eis em cada um se gerando
Uma arte, uma linguagem,
Uma canção, uma poesia,
Um ritmo que equacione
Dor com alegria
E nos reconduza aos perfis sínteses
De tratar o sujeito aprendiz
Em sua inteireza.
Demonstrando-lhe que, de sua vida
A essência é beleza!
Descobrir-se humanamente
Um ser que antes pensava sem recursos
Retira da própria condição
Uma nobreza que lhe é
Prática conscientizadora!
Estes são alguns desafios que nos apontam
E, muitas vezes, devemos ter cuidado
Do medo que tenta nos flagelar!
É preciso estar atento,
Pois, isto é o opressor que há em nós
E quer que recuemos,
Por que o oprimido está a emergir
E com a força interna
Que lhe faz brotar de si
Iniciativas que lhe são peculiares:
Seus erros,
Seus acertos,
Suas supostas dúvidas
Com a coragem agora de se perguntar,
De buscar,
De achar
E ir em frente:
Se “re” arranjar
No que há no seu mundo
E a partir da pedra,
Do tijolo,
De assumir seu nome:
Seja Pedro, Maria ou Eva,
“Re” aprender seus sonhos.
Ver na sandália, calça ou saia rendada
Uma aliança com aquilo que aprende
A escrita e a leitura que agora
Em si e pra si agora entende
E súbito, ergue-se um mundo
Do fundo de sua memória
Expande-se,
Dilata-se uma rara história
De quem se pensava “sub” gente
E hoje do concreto, tijolo
Que lhe cimenta raízes de onde está
A partir deste ponto,
Ilustra-se o mundo da cultura,
Do trabalho humano criador,
Do todo social que ao seu redor
É produto e fonte
Dos seus modos de produção concreta,
Daquilo que lhe torna simples
Em sua natureza de ser somente.
Este deve ser o tema
De nossas políticas de EJA
As perspectivas de nossos dias de trabalho:
Este tijolo, este madeirite,
Esta mão,
O meu e o seu pé.
A forma que ele configura!
Como é e quantos são?
Daí então vem
A lição pra matemática
Pra fala, pra ciência,
Pra escrita,
Pra se viver com nossos aprendizes
Esta complexa arte
Tão difícil de descobrir-se
Mas, que flui das veias,
Das experiências,
Sejam novas e velhas
E que, quando, sistêmicas
Compreendem lições vivas,
Atuais ou antigas
E que nos levam aos círculos orais cantigas
Sejam em rodas,
Em ciclos, estações ou climas
Eis o desvelar de um contexto que nos anima!