Foram poucos os que aprenderam a ler entre 2000 e 2010, segundo o censo; redução foi de 0,5 ponto percentual
Crianças e jovens foram principais responsáveis pela diminuição do analfabetismo ocorrida na década passada
ANTÔNIO GOIS
DO RIO
Edna Veiga, 76, já perdeu a conta do número de cursos de alfabetização em que se matriculou antes de, finalmente, aprender a ler.
"Fiz muitos, mas nada entrava na minha cabeça. Acho que desta vez funcionou porque o professor teve mais paciência", diz ela.
O fato de Edna ter aprendido a ler depois de adulta a torna, no entanto, uma exceção nas estatísticas.
Um olhar mais cuidadoso sobre a década passada através do censo do IBGE mostra que, apesar de quase R$ 3 bilhões investidos pelo governo federal na alfabetização de adultos, uma vez completados 20 anos de idade, foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 e 2010.
A erradicação do analfabetismo na década passada era meta do Plano Nacional de Educação -aprovado pelo Congresso- e promessa de campanha de Lula.
No total da população de 15 anos ou mais, a proporção de iletrados caiu de 13,6% para 9,6%. Essa redução, no entanto, ocorreu principalmente entre crianças e jovens. Entre os brasileiros que começaram a década passada entre 20 e 49 anos, os avanços foram residuais.