Relatoria do GE 11: EJA e Novas Tecnologias
Relatoria do GE 11: EJA e Novas Tecnologias
O texto que subsidiou as discussões e análises foi “Educação Básica de Jovens e Adultos mediada e não mediada pelas Tecnologias de Informação e comunicação – TICs multimídia em comunidade de aprendizagem em rede, de Maria Luíza Pereira Angelim, disponível no Portal dos Fóruns de EJA do Brasil.
A discussão foi mediada pelos professores Karla Cezarino (UFES) e Marcelo Schimidt (CEFETES).
Inicialmente, foram levantadas as concepções dos participantes sobre o conceito de tecnologia. O grupo definiu tecnologia como o conjunto de conhecimentos científicos aplicados, que estão presentes em tudo o que utilizamos cotidianamente. A tecnologia, portanto, sempre existiu e vem evoluindo na medida em que se expande o conhecimento socialmente produzido e historicamente acumulado No entendimento do grupo, os diversos instrumentos e ferramentas atualmente disponíveis, quando, utilizadas para fins pedagógicos, visando a mediar o processo de ensino e aprendizagem, passam a ser considerados tecnologias educacionais.
Constata-se que poucos professores fazem uso habitual das TICs em sala de aula.
Um número crescente de professores já dispõe de computadores com acesso à internet nas escolas. No entanto, o número daqueles que ainda não têm acesso a este tipo de recurso ainda é muito grande.
Mesmo no CEFETES, considerada uma escola de excelência, onde o número de computadores disponíveis é bem satisfatório, questiona-se o uso dessas ferramentas como tecnologia educacional, considerando-se que a maioria dos alunos dos cursos técnicos recorre a esses computadores para utilização de softwares específicos, ligados à formação profissional.
Nas escolas que já dispõem de laboratório de informática, os professores apontam para a necessidade de uma utilização mais ampla e bem orientada desses recursos, que acabam sendo usados apenas para comunicação via e-mail ou sites de relacionamento, consulta à internet e digitação de trabalhos escolares.
As realidades dos diferentes contextos educacionais é muito diferenciada. Alguns municípios já dispõem de profissionais da área de informática que assessoram os professores no planejamento de atividades.
Em outros casos, os professores sentem-se inseguros, especialmente ao constatar que, muitas vezes, os alunos têm maior domínio do uso da máquina que o próprio professor. Além disso, algumas escolas passaram a utilizar sistemas operacionais e softwares livres, com os quais a maioria dos professores não está familiarizada. O uso de softwares livres passou a ser estimulado para redução de custos e até mesmo para inibir o uso de programas “pirateados”, o que envolve também questões éticas. Isso requer dos gestores das redes de ensino investimento em formação para dar suporte técnico e pedagógico na utilização das TICs.
A questão do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação está diretamente relacionada com o ensino a distância. O decreto 5.622/05 caracteriza a educação a distância como “modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino aprendizagem ocorre com a utilização de TICs.
• Diante do exposto, o grupo propõe os seguintes encaminhamentos gerais:
• Estabelecer uma política de gestão que priorize o direito ao acesso a recursos tecnológicos em todas as escolas, bem como a formação contínua dos professores para o uso pedagógico desses recursos.
• Estabelecer um intercâmbio entre os professores das diferentes redes de ensino, estimulando a troca de experiências em relação ao uso das Tecnologias Educacionais. Para tanto, seriam necessários encaminhamentos políticos no sentido de fazer dialogar gestores e professores, em busca de soluções viáveis, aplicáveis aos diversos contextos escolares, o que inclui a capacitação de professores e o envolvimento de profissionais da área de informática na assessoria aos projetos pedagógicos.
● Encaminhamentos específicos:
“...Ensino Fundamental, a partir de 18 anos, em comunidade de aprendizagem em rede, com duração mínima de 2 (dois) anos no 1º segmento e de 2 (dois) no 2º segmento (total de 4 anos)... Ensino Médio, a partir de 21 anos, em comunidade de aprendizagem em rede, com duração de 2 (dois) anos...”
• Propor uma ampla discussão no fórum de EJA sobre a idade mínima exigida para ingresso na EJA, na modalidade à distância. A proposta trazida pelo texto estabelece os 18 anos como idade mínima. O grupo entende que esta questão precisa ser mais bem debatida, considerando-se as especificidades da EJA e do ensino a distância. Levantou-se argumentos em favor da manutenção desta idade mínima, considerando-se a necessidade de uma certa maturidade, autonomia e disciplina por parte do aluno, na auto gestão do processo de aprendizagem. Por outro lado, é preciso ressaltar que a flexibilização dos tempos e espaços escolares propiciada pelo ensino a distância beneficiaria muito os alunos trabalhadores, independentemente da idade. O uso das tecnologias acaba sendo um atrativo a mais para os jovens.
• Discutir a duração do Ensino Fundamental e Médio no ensino a distância, a exemplo do que já vem ocorrendo nas discussões em torno da implantação da modalidade de EJA, em contraposição aos cursos supletivos e às diversas experiências de aceleração de estudos.
• Entende-se que é necessário definir a carga horária mínima e não apenas a indicação dos anos de duração de cada segmento.
“Interatividade pedagógica – como condição necessária garantida na relação de 1 (um) professor(a) licenciado(a) na disciplina com jornada de 20h para duas turmas de 30 estudantes cada (60 estudantes) ou jornada de 40h para quatro turmas de 30 estudantes cada (120 estudantes), portanto, não se propõe nem o chamado tutor(a), nem o orientador(a) de aprendizagem. Aos estudantes serão fornecidos livros (e não módulos/”apostilas”) e oportunidades de consulta no Pólo de apoio pedagógico”.
• Esclarecer a questão do fornecimento do material didático, priorizando o uso de livros adequados à modalidade da EJA, o que não exclui o uso de outros recursos pedagógicos. Os professores deverão ter participação ativa na seleção do material didático, a partir do planejamento de ensino.
• Ao especificar as condições de interatividade pedagógica, o grupo propõe a inclusão de uma carga horária destinada especificamente ao planejamento.