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Apresentação

O MEB foi criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e apoiado pelo Governo Federal, mediante decreto presidencial e convênios com vários ministérios. Embora oficialmente separada do Estado, desde a proclamação da República, a Igreja Católica em muitos momentos foi sua aliada. Essa aliança foi forte no governo nacional-desenvolvimentista dos anos 1950, por iniciativa dos bispos progressistas do Nordeste brasileiro. Com elevados índices de mortalidade infantil, desnutrição e analfabetismo, na conjuntura da Guerra Fria, essa região era considerada “barril de pólvora”, temendo-se que nela se repetisse a Revolução Cubana.

O MEB tinha como objetivo inicial desenvolver um programa de educação de base, conforme definida pela Unesco, por meio de milhares de escolas radiofônicas, instaladas a partir de emissoras católicas. Após dois anos de funcionamento reviu esse objetivo e, alinhando-se aos outros movimentos de cultura popular, passou a entender a educação de base como processo de “conscientização” das camadas populares, para a valorização plena do homem e consciência crítica da realidade, visando sua transformação. Mudou também seu modo de atuação e o conteúdo de suas aulas radiofônicas, conforme retratado no Conjunto Didático Viver é Lutar para recém-alfabetizados que, apreendido por forças da direita, foi pedra de toque da repressão após o golpe militar de 1964.

Por ser ligado à Igreja Católica, foi o único movimento de educação popular que sobreviveu ao golpe. Apesar do estrangulamento provocado pela suspensão do apoio governamental, reviu seu modo de atuação, particularmente no que dizia respeito ao sistema radioeducativo. Nesse esforço, preparou o Programa para as escolas radiofônicas em 1965, com os respectivos manuais para os professores e textos de fundamentação, assim como o Conjunto Didático Mutirão (livros 1 e 2) e o Mutirão pra Saúde. Ao mesmo tempo, elaborou estudo específico sobre escolas radiofônicas. Simultaneamente, o MEB Goiás elaborou o material didático Benedito e Jovelina, inspirado no sistema de alfabetização de Paulo Freire.

No mesmo período, a partir das experiências realizadas em Goiás, nos “encontros” com a população, e no Maranhão, com o treinamento de líderes para o sindicalismo rural, e valendo-se do referencial teórico que fundamentava a ação de agências de desenvolvimento francesas no Senegal e no Marrocos, sistematizou o projeto de animação popular. A animação era uma forma de ação direta com as comunidades rurais, tendo em vista a crítica da situação por elas vivida e a superação de seus problemas imediatos, numa concepção de desenvolvimento integrado. Essa perspectiva permitiu-lhe original prática de participação popular, interrompida pelo endurecimento da ditadura, após 1968.

Todos os livros e documentos apresentados neste módulo referem-se aos anos 1961-1967, considerado “período áureo” do Movimento. Para uma informação mais detalhada ver MEB Histórico – Osmar Fávero.