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Didáticos

Em decorrência da apreensão do livro de leitura Viver é lutar e estando mantida a necessidade de dispor de material didático próprio, o MEB decidiu preparar outro conjunto didático, novamente para atender com prioridade o Nordeste. Esse conjunto foi designado Mutirão e sua elaboração foi antecedida pela montagem do Programa 1965 para as escolas radiofônicas, no qual estavam indicadas atividades relativas ao trabalho agrícola (preparo do terreno, plantio, colheita e venda), as operações e sistemas de trabalho referentes a cada uma dessas atividades e o programa a ser desenvolvido (objetivos, atitudes motivadas pelos textos das lições, palavras-chave para a alfabetização e seus desdobramentos, conteúdos de matemática e relativos à promoção humana e à educação sanitária.

O conjunto didático compreendia o Mutirão 1, livro de alfabetização de adultos; o Mutirão II, livro de leitura para adultos, com o encarte Mutirão pra Saúde. Os dois últimos foram ilustrados por Ziraldo com desenhos a bico de pena, reproduzindo os traços dos bonecos de Vitalino. Foi preparado também um folheto com Instruções para aplicação dos livros de leitura Mutirão I e Mutirão II. Todos esses textos foram publicados em 1965 e no mesmo ano foi redigido o documento Escolas radiofônicas do MEB: notas sobre seus objetivos, sua programação e sobre o desenvolvimento dos alunos, publicado no início de 1966.

Os livros de leitura foram muito criticados, por terem substituído o forte conceito de conscientização pelo de cooperação, traduzido pela palavra mutirão. Embora ainda guarde alguma semelhança com a concepção do Viver é lutar, sofreram evidente autocensura, no que diz respeito à linguagem e ao conteúdo político. Resguardando-se a importância e o significado ímpar do Viver é Lutar, esse segundo conjunto didático, – principalmente pelo Programa 1965, que propõe a globalização das aulas, pela redação mais cuidada e em linguagem mais acessível dos temas de fundamentação, e também pelas Notas sobre os objetivos, a programação e sobre o desenvolvimento das escolas radiofônicas – revela o grau de amadurecimento do MEB sobre seu principal instrumento de ação no período: o sistema radioeducativo. Ao mesmo tempo, a partir das experiências realizadas no Maranhão (treinamentos) e em Goiás (encontros), sistematizava um modo de ação direta nas comunidades, designada como animação popular.