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NOVA – Pesquisa, Avaliação e Assessoria

Um grupo de profissionais, conhecedores de experiências de mobilização popular, realizadas no período, sobretudo sob a cobertura das Igrejas católica e protestantes, reuniu-se, em novembro de 1972, para estudar as possibilidades da coordenação dessas experiências em nível nacional.

Para tanto, foi realizado um seminário em uma chácara de propriedade da Igreja Metodista, em São Paulo. Dele participaram pouco mais de 20 pessoas, cuidadosamente selecionadas, em função do momento extremamente autoritário em que se vivia. A decisão dessa reunião foi criar uma “agência”¹ que passasse a reunir pessoas interessadas em discutir a dinâmica existente. Falou-se também em pesquisar o que estava ocorrendo, em termos de mobilização popular e, se possível, assessorar as experiências.

Criou-se então o NOVA – Pesquisa, Avaliação e Assessoria, cuja equipe inicial foi constituída por Aída Bezerra, Beatriz Costa, Letícia Cotrim, Evandro Sales, à qual se incorporou, logo depois, Jorge Muñoz e, mais tarde, Pedro Garcia e Regina Rocha. Os primeiros trabalhos de assessoria foram realizados sobretudo em dioceses do Nordeste (Mossoró, Caicó...), contando com financiamentos obtidos junto à Charitas Internacional e a organismos de apoio católicos da Holanda e do Canadá.²

O acompanhamento dos grupos de base durava de um a dois anos, com visitas sistemáticas de dois ou três dias, normalmente a cada dois meses. Fazia parte da rotina do Nova seminários mensais de estudos e avaliação da prática realizada.

Após dois anos acumulando experiências e sistematizando assessorias e com vista a divulgar os estudos realizados nos seminários internos, começou-se a produzir e publicar textos para atender às necessidades dos “agentes”.³ Os dois primeiros cadernos, intitulados Educação Popular I e II, foram editados pelo CEI - Centro Ecumênico de Informação, que tinha objetivos semelhantes aos do NOVA e já contava com uma linha de publicações de alcance nacional. Constituem-se nas primeiras produções sobre educação popular, abordando inovadoramente e de maneira competente temas fundamentais, como a metodologia de avaliação das experiências, a relação entre saber e poder etc.

A partir de 1981, o NOVA passou a publicar a coleção Cadernos de Educação Popular, muitos deles contendo depoimentos ou resultados de seminários amplos realizados. Ao todo foram publicados 30 números desses Cadernos, 22 deles em coedição com a Vozes de Petrópolis, até 1993. Da mesma forma que os trabalhos de assessoria, também os seminários e os Cadernos contavam com financiamento internacional.

Além dos Cadernos, o NOVA produzia anualmente relatórios dirigidos às organizações financiadoras que contêm informações importantes sobre os projetos realiados e interessantes reflexões sobre temas motivados pela prática realizada.

A partir de meados dos anos de 1990, diminuiu radicalmente o financiamento internacional dirigido às “agências” que atuavam na América Latina e no Brasil, em particular. A crise do financiamento e certo “cansaço” das assessorias aos movimentos de base provocaram o desligamento de várias pessoas do NOVA, que criaram ou passaram a reforçar outras “agências: no primeiro caso, SAPÉ – Serviços de Apoio à Pesquisa em Educação, e, no segundo, CAPINA – Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa.

Nos últimos anos, o NOVA se valeu de convênios com prefeituras, trabalhando com a formação continuada de professores, ou com o apoio de empresas do interior do estado do Rio de Janeiro, dedicou-se trabalhos educativos e culturais com jovens. Pelas dificuldades encontradas, prevê-se o fechamento da agência em futuro próximo.

Nesse período mais recente, sob a coordenação de Bernard Von der Weid e contando com financiamento de várias agências internacionais, durante três anos, desenvolveu o projeto “Expressão e educação popular: a linguagem musical”. Dele resultaram três CDs, editados na série Cultura Popular: 1. Movimento dos Compositores da Baixada Fluminense, movimento formado por trabalhadores que ganham a vida como pintores,metalúrgicos, gráficos etc. e tem na música sua mais forte forma de expressão; 2. Da quixabeira pro berço do Rio, contendo música recolhidas em comunidades de trabalhadores rurais do interior da Bahia; 3. Por cima das aroeiras, apresentando músicas populares do Vale do Jequitinhonha.

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¹ Não era utilizada, na época, a designação “organizações não governamentais”.
² Ver Sérgio Haddad, “O papel das agências de cooperação europeia no apoio ao processo de educação popular no Brasil”. Trabalho apresentando no GT Educação de Jovens e Adultos, durante a 36ª Reunião Anual da ANPEd, realizada em Goiânia, em set./out. de 2013. 
³ Como eram chamadas as pessoas que tinham contato direto com as bases.