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SAPÉ – Serviços de Apoio à Pesquisa em Educação*

SAPÉ – Serviços de Apoio à Pesquisa em Educação*

O SAPÉ foi criado em 1983/1984 por Aída Bezerra e Rute Rios, ambas com experiência em educação popular, desde o MEB – Movimento de Educação de Base, nos anos de 1960. Mais recentemente, Aída Bezerra havia sido uma das fundadoras do Nova, com experiência em assessoria a movimentos de base durante dez anos, do qual se desligou pelo interesse em dedicar-se exclusivamente à pesquisa. Rute Rios, por sua vez, havia participado da equipe que formulou e implantou o PEJ – Programa de Educação Juvenil, no final dos anos de 1980, no município do Rio de Janeiro. A elas reuniram-se, progressivamente, Cleide Leitão, Renato Pontes, Alexandre Aguiar e Maria do Socorro Calhau.

A proposta inicial do Sapé era buscar alternativas no campo da educação popular, especificamente na formação de educadores de jovens e adultos, “na relação fazer e pensar pautada em um entendimento político e em uma dinâmica que valorizam a produção coletiva e o estabelecimento de relações mais horizontais entre educadores e educadoras, nas quais a participação dos envolvidos e as redes de solidariedade entre eles pudessem ser exercidas nas práticas cotidianas” (Cleide Leitão, p. 10). Seu primeiro trabalho foi uma pesquisa participante, com enfoque antropológico, em uma classe experimental noturna de alfabetização de adultos, na Escola Senador Correia, situada na Praça José de Alencar, no Rio de Janeiro: “Confronto de Sistemas de Conhecimento na Educação Popular”¹.

Dessa pesquisa resultaram dois produtos: a) a produção do Almanaque Aluá, uma retomada original de um material didático tradicional, voltado par a educação de jovens e adultos, cujas três edições estão aqui disponibilizadas, assim como informações sobre o processo de implementação; b) a organização dos Coletivos de Formação, realizado com educadores que trabalhavam educadores populares, muitos com alfabetização de jovens e adultos, vinculados a instituições diversas, em uma rede estabelecida nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco².

Esses Coletivos “se constituíram enquanto espaços de mediação entre as práticas e a necessidade de refletir e teorizar sobre a ação" (Leitão, p. 13), na perspectiva da autoformação, “entendida como a possibilidade de o educador intervir em sua formação de maneira sistemática, a partir de seu desejo de qualificação, da consideração de suas demandas específicas e de sua indispensável participação e comprometimento” (idem, p. 12).

A rede formada deu origem a três instrumentos: um Boletim – informativo trimestral de circulação ampla entre os educadores de jovens e adultos participantes; um Grupo de Estudos e Pesquisa - GREPE, com a função de aprofundar e subsidiar as discussões cocorridas nos seminários; e a Rede BAM - Banco de Ajuda Mútua, que tinha o objetivo de incentivar o registro da prática pedagógica e sua sistematização pelas/os educadoras/es, socializando-os através dos Cadernos BAM e de um banco de dados informatizado (idem, p. 15-16). Os Almanaques e os Cadernos BAM publicados estão aqui reproduzidos.

 

* Esta apresentação está baseada na entrevista realizada com Aída Bezerra e Renato Pontes, em abril de 2013, e na dissertação de mestrado de Cleide Figueiredo Leitão, A circularidade de saberes e o exercício de poder na experiência dos coletivos de autoformação, defendida na UERJ em dezembro 2002, especialmente Introdução, p. 9-17.

¹ Parte dessa pesquisa, assessorada pela antropóloga Lygia Segalla, está relatada no artigo "A Negociação", de Aída Bezerra e Rute Rios, reproduzido neste documentário.

² A dissertação de Cleide Figueiredo Leitão, citada e aqui reproduzida, historia e analisa essa experiência. Reproduziu-se também o artigo “Buscando caminhos nos processos de formação/ autoformação”, da mesma autora, derivado da dissertação referida.